Como o excesso de celular afeta crianças e adolescentes

O caso de violência de um jovem de 13 anos contra a família reabriu um debate que há anos assombra pais e profissionais da saúde mental. Afinal, como o uso do celular afetas crianças e adolescentes? Entenda.

Não é de hoje que a sociedade se pergunta como o celular afeta crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, a vida cada vez mais corrida leva a maioria dos pais e responsáveis a delegar para as telas de smartphones, tablets e TVs a função de entreter permanentemente os pequenos cérebros em formação.

No entanto, o recente caso de violência de um jovem de 13 anos contra os pais e o irmão reabriu um debate que vem há anos assombrando pais e profissionais da saúde mental.

Afinal, como o uso do celular afetas crianças e adolescentes? Será que o uso excessivo de telas teve alguma influência nesse caso? Entenda a opinião de profissionais a respeito.

Como o celular afeta crianças e adolescentes

De acordo com a Psiquiatra Maria Fernanda Caliani, um estudo realizado entre 2008 e 2018, acompanhou crianças e adultos por 10 anos.

O objetivo era entender como o acesso às telas do tablet, notebook e celular afeta crianças e adolescentes e quais os impactos na formação dos pequenos e do comportamento dos adultos.

De fato, as descobertas não são nada boas. Confira.

Atrofia do córtex pré-frontal

Para começar, o estudo demonstrou que o uso constante de telas impacta no desenvolvimento do córtex pré-frontal.

Essa área do cérebro é responsável pelas experiências sensoriais, como o tato, visão, audição etc.

Ou seja, o uso excessivo do celular afetas crianças e adolescentes diminuindo os estímulos cerebrais. Como resultado, a criança se torna permanentemente desmotivada e sem controle das próprias emoções.

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Falta de maturação cerebral

Ainda sobre a atrofia do córtex pré-frontal, o estudo também revelou que o uso indiscriminado de celular afeta crianças e adolescentes diminuindo a capacidade das crianças de lidarem com alguns estímulos. Como resultado, elas apresentam dificuldade de mostrar autocontrole e empatia.

Vício em dopamina

Toda vez que sentimos prazer em resultado de uma ação, o cérebro recebe uma descarga de dopamina.

Na verdade, esse também é o hormônio ligado aos vícios e à recompensa. Surpreendentemente, essa é a mesma reação causada quando assistimos algo que nos agrada no smartphone.

Ou seja, quanto mais tempo diante das telas, mais dopamina no cérebro das crianças e adolescentes.

Isso também pode significar que o uso em excesso de celular afeta crianças de forma perigosa e pode viciar quimicamente.

Prejuízo em diversos níveis

Paralelamente, o estudo também observou que crianças e adolescentes que passam muito tempo diante de telas apresentam dificuldade em lidar com sentimentos de estresse e ansiedade.

Mais do que isso, a reação delas à violência e a situações de perigo diminuiu de forma alarmante.

Os pesquisadores concluíram que o uso constante do celular afeta crianças e adolescentes até mesmo no nível de sensibilidade à violência.

Diminuição da interação social e estímulos necessários

Com o tempo, os canais de conteúdo digital tomam o lugar de atividades cruciais para o desenvolvimento infantil, como brincadeiras e interação com crianças da mesma idade.

Como resultado, elas se tornam cada vez mais absortas em seus próprios mundos e não aprendem a lidar com a frustração e com os sentimento de fracasso, sentimentos necessários para o autocontrole.

Fato é que a tecnologia é extremamente útil e abre um mundo de oportunidades para aprendizado e evolução.

Mas, vale lembrar que tudo isso ainda é muito novo na história humana e ainda não temos o quadro completo sobre como o celular afeta crianças e adolescentes.

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