Rastreamento da produção agrícola: O que é e como funciona?

O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, responsável por cerca de 25% do PIB nacional e por mais de 40% das exportações.

No entanto, o setor também enfrenta diversos desafios, como a sustentabilidade ambiental, a qualidade dos produtos, a segurança alimentar e a competitividade no mercado global.

Uma das tecnologias mais promissoras nesse sentido é o rastreamento da produção agrícola, que consiste em monitorar e registrar todas as etapas do processo produtivo, desde o plantio até a entrega do produto final.

O que é o rastreamento da produção agrícola?

O rastreamento da produção agrícola é uma forma de garantir a transparência e a confiabilidade das informações sobre a origem, a qualidade e a segurança dos produtos agropecuários.

Por meio de ferramentas como códigos de barras, QR codes, etiquetas eletrônicas, sensores, GPS e blockchain, é possível identificar e acompanhar cada unidade de produto ao longo da cadeia produtiva, registrando dados como data, local, condições climáticas, uso de insumos, tratamentos fitossanitários, certificações, entre outros.

Quais são os benefícios do rastreamento da produção agrícola?

O rastreamento da produção agrícola traz uma série de vantagens para os diferentes agentes envolvidos no setor. Veja alguns exemplos:

• Para os produtores: o rastreamento permite melhorar a gestão da produção, reduzir perdas e desperdícios, aumentar a produtividade e a rentabilidade, agregar valor aos produtos, diferenciar-se da concorrência, atender às exigências dos mercados nacional e internacional;
• As consumidores, o rastreamento oferece mais segurança e confiança na hora de comprar os produtos agropecuários;
• E ao meio ambiente, o rastreamento contribui para a preservação dos recursos naturais e para a redução dos impactos ambientais da atividade agropecuária.

Como funciona o rastreamento da produção agrícola no Brasil?

No Brasil, existem diversas iniciativas de rastreamento da produção agrícola, tanto públicas quanto privadas.

Uma delas é o Sistema Brasileiro de Rastreabilidade e Identificação de Produtos Vegetais Frescos (SBR), criado pelo Ministério da Agricultura em 2018. O SBR tem como objetivo garantir a segurança alimentar dos consumidores brasileiros e facilitar o acesso aos mercados externos.

O SBR funciona por meio de um código alfanumérico ou QR code impresso nas embalagens ou etiquetas dos produtos vegetais frescos (frutas, verduras e legumes).

Esse código permite ao consumidor acessar um site ou aplicativo onde pode consultar informações sobre o produtor, o lote, a data de colheita, o tipo de cultivo e os tratamentos fitossanitários aplicados ao produto.

Outra iniciativa é o Programa Agro+Rastreabilidade (Agro+RAST), lançado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em 2019.

O Agro+RAST é uma plataforma digital que integra os dados de rastreamento de diferentes cadeias produtivas, como bovinos, suínos, aves, leite, ovos, mel, café, algodão, soja e milho.

Nesse sentido, o programa visa aumentar a competitividade dos produtores brasileiros no mercado interno e externo, além de atender às demandas dos consumidores por mais transparência e qualidade.

Quais são os desafios do rastreamento da produção agrícola?

Apesar dos benefícios e das oportunidades do rastreamento da produção agrícola, o setor ainda enfrenta alguns obstáculos para a sua implementação e difusão. Entre eles, estão:

• A falta de padronização e integração dos sistemas de rastreamento dificulta a comunicação entre os elos da cadeia produtiva.
• É necessário investir em infraestrutura, capacitação e conscientização dos agentes envolvidos.
• Além disso, a resistência cultural e a desconfiança dos produtores em compartilhar dados e a falta de conhecimento e interesse dos consumidores em relação ao rastreamento são desafios a serem superados.

Como o rastreamento da produção agrícola pode ser estimulado?

Para superar esses desafios e promover o rastreamento da produção agrícola no Brasil, é preciso que haja uma articulação entre os diversos atores do setor, como governo, empresas, organizações, instituições de pesquisa e desenvolvimento, cooperativas, associações e sindicatos.

Somado a isso, é preciso que sejam adotadas algumas medidas, como:

• Estabelecer normas e padrões técnicos para o rastreamento da produção agrícola, que sejam compatíveis com as exigências dos mercados nacional e internacional.
• Desenvolver soluções tecnológicas acessíveis, eficientes e seguras para o rastreamento da produção agrícola, que possam ser adaptadas às diferentes realidades e necessidades dos produtores.
• Oferecer incentivos financeiros, fiscais e creditícios para os produtores que aderirem ao rastreamento da produção agrícola, bem como assistência técnica e extensão rural para a sua implantação e gestão.
• Realizar campanhas de educação e comunicação para sensibilizar os produtores sobre os benefícios do rastreamento da produção agrícola para a sua competitividade e sustentabilidade.
• Divulgar as informações sobre o rastreamento da produção agrícola para os consumidores, por meio de canais digitais e físicos, destacando os aspectos positivos dos produtos rastreados para a sua saúde, bem-estar e meio ambiente.

O rastreamento da produção agrícola é uma tendência irreversível no cenário atual do agronegócio.

Por isso, é fundamental que os produtores brasileiros se preparem para essa nova realidade e aproveitem as oportunidades que ela oferece.

Assim, eles poderão garantir a qualidade dos seus produtos, conquistar a confiança dos consumidores e se destacar no mercado global.