O Brasil praticamente garantiu novo recorde de safra de grãos para 2022, mas os preços dos alimentos devem seguir em alta, avalia Carlos Alfredo Guedes, gerente do levantamento sistemático da produção agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de uma safra abundante, os preços não devem cair porque temos uma demanda muito alta de outros países. Isso afeta o mercado como um todo, explicou Guedes nesta quinta-feira 7 de Julho de 2022.
Nesse sentido, o mesmo lembra que os preços dos grãos estão altos por conta da demanda e dos problemas logísticos causados pela pandemia de Covid-19 no cenário externo que agora permanece sob a influência da invasão da Ucrânia pela Rússia. Para o especialista, a tendência é que os preços continuem altos nos próximos meses.
Assim, os preços são mais influenciados pelo mercado externo do que pelo interno, explicou. E acontece que dentro dos produtos, que são os principais grãos, eles se misturam com outros produtos. Porque o produtor acaba alinhando sua área plantada com as culturas mais valorizadas, adicionou.
A safra agrícola brasileira deve atingir o recorde de 261,4 milhões de toneladas em 2022, 8,2 milhões de toneladas a mais que a produção de 2021, alta de 3,2 %, segundo levantamento sistemático da produção agrícola de junho divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE.
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O resultado é 1,5 milhão de toneladas a menos que a previsão da pesquisa anterior, queda de 0,6% em maio.
Apesar das perdas na produção de soja, o país deverá colher suas maiores safras de milho e trigo de todos os tempos. As safras de arroz e feijão vão cobrir o consumo interno por enquanto.
Logo, a estimativa de produção de feijão, considerando as três safras de grãos, deve ser de 3,087 milhões de toneladas, alta de 11,2% em relação a 2021, mas 3,4 % inferior à estimativa de maio. A produção estimada de arroz é de 10,7 milhões de toneladas, uma queda de 8,1% em relação ao ano anterior devido a problemas climáticos no Rio Grande do Sul.
Outros alimentos
Trigo
Segundo dados divulgados hoje pelo IBGE, a produção nacional de trigo deve atingir o recorde de 8,863 milhões de toneladas este ano, alta de 13,4% em relação a 2021. Em relação à previsão de maio, houve queda de 0,2% em junho.
Nosso consumo é de cerca de 12 milhões de toneladas. Ainda somos importantes, mas será menos importante do que em anos anteriores, disse Carlos Guedes. Se conseguirmos colher cerca de 9 milhões (toneladas), teríamos que importar entre 3 e 4 milhões de toneladas. Às vezes importamos muito mais para abastecer o mercado, acrescentou.
O pesquisador lembra que devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, os preços do trigo estão subindo, tanto nos países produtores quanto nos exportadores, fazendo com que os agricultores brasileiros invistam incentivados na a colheita.
Milho
Revisões nas estimativas de safra de milho safrinha e soja reduziram a previsão para a safra de grãos do Brasil em 2022. De maio a junho, a previsão de milho safrinha encolheu mais de 900.000 toneladas, enquanto a soja caiu mais de 650.000 toneladas.
Para a soja, que está quase totalmente colhida, houve uma reavaliação dos dados do Mato Grosso do Sul. Acho que não temos grandes reavaliações na soja. É um produto praticamente colhido, explicou o especialista.
Fonte: UOL (Economia);
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