A febre maculosa é uma doença infecciosa causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida pela picada de carrapatos, principalmente do gênero Amblyomma.
Essa doença pode causar sintomas graves, como febre alta, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e paralisia dos membros, podendo levar à morte se não for tratada adequadamente.
Neste artigo, abordaremos em detalhes o que é a febre maculosa, quais são seus sintomas, como é feito o diagnóstico, qual é o tratamento e como prevenir essa doença transmitida por carrapatos.
O que causa a febre maculosa?
A febre maculosa é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que pertence ao grupo das riquétsias.
Essas bactérias são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, só conseguem se reproduzir dentro das células de outros organismos.
Uma das principais forma de transmissão da febre maculosa é pela picada de carrapatos infectados pela bactéria.
No Brasil, as espécies de carrapatos mais envolvidas na transmissão são o Amblyomma sculptum (conhecido como carrapato-estrela) e o Amblyomma aureolatum.
Da mesma forma esses carrapatos podem se alimentar do sangue de animais silvestres ou domésticos, como capivaras, cavalos, cães e gatos, e também de humanos.
Para que a transmissão ocorra, é necessário que o carrapato permaneça em contato com a pele por pelo menos 6 horas.
Durante esse tempo, o carrapato injeta sua saliva contendo a bactéria na corrente sanguínea da pessoa.
A bactéria então invade as células que revestem os vasos sanguíneos (endotélio) e provoca inflamação e lesão vascular.
Isso resulta em alterações na coagulação do sangue, na permeabilidade dos vasos e na circulação de oxigênio e nutrientes para os tecidos.
Com isso a febre maculosa não é transmitida de pessoa para pessoa, nem por contato com animais infectados. A única forma de prevenir a doença é evitar a picada de carrapatos.
Quais são os sintomas da febre maculosa?
Os sintomas da febre maculosa costumam aparecer entre 2 e 14 dias após a picada do carrapato, sendo mais comum entre 7 e 10 dias.
Os sintomas podem variar desde formas leves e atípicas até formas graves e fatais. Os principais sintomas são:
- Febre alta (acima de 39°C) e calafrios;
- Dor de cabeça intensa;
- Dor muscular;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Conjuntivite;
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e nas solas dos pés;
- Manchas vermelhas na pele (máculas), que surgem inicialmente nos pulsos e tornozelos e podem se espalhar pelo corpo;
- Gangrena nos dedos das mãos e dos pés, nas orelhas e no nariz;
- Paralisia dos membros inferiores, que pode progredir para os membros superiores e para os músculos respiratórios.
Nos casos mais graves, a febre maculosa pode causar complicações como encefalite (inflamação do cérebro), meningite (inflamação das meninges), insuficiência respiratória, insuficiência renal, insuficiência cardíaca e choque séptico.
A taxa de letalidade da febre maculosa pode chegar a 40% nos casos não tratados. Por isso, é importante procurar atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas.
Como é feito o diagnóstico da febre maculosa?
O diagnóstico da febre maculosa é baseado na avaliação clínica dos sintomas, no histórico de exposição a carrapatos e em exames laboratoriais.
Visto que o diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações.
Os exames laboratoriais mais utilizados para confirmar a febre maculosa são:
- Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): detecta a presença de anticorpos contra a bactéria no sangue. Esse exame deve ser feito em duas amostras de sangue, uma na fase aguda e outra na fase de convalescença, para comparar o aumento dos anticorpos. O resultado pode demorar alguns dias para ficar pronto.
- Imunohistoquímica: detecta a presença da bactéria em amostras de tecido obtidas por biópsia de lesões de pele ou de órgãos. Esse exame é mais rápido e específico que o RIFI, mas depende da disponibilidade de material para análise.
- PCR (reação em cadeia da polimerase): amplifica o DNA da bactéria em amostras de sangue ou de tecido. Esse exame é muito sensível e específico, mas ainda não está amplamente disponível.
Além desses exames, o médico pode solicitar outros exames para avaliar o estado geral do paciente e a presença de complicações, como hemograma, bioquímica sanguínea, gasometria arterial, radiografia de tórax e tomografia computadorizada.
Como é feito o tratamento da febre maculosa?
O tratamento da febre maculosa é feito com antibióticos, que devem ser iniciados o mais rápido possível após o início dos sintomas.
Já que o antibiótico mais indicado é a doxiciclina, que deve ser administrada por via oral ou intravenosa por 7 a 10 dias.
Outros antibióticos que podem ser usados são a cloranfenicol, a rifampicina e a azitromicina.
Seu tratamento também inclui medidas de suporte, como hidratação, controle da febre e da dor, correção dos distúrbios da coagulação e monitorização das funções vitais.
Nos casos mais graves, pode ser necessário o uso de oxigênio, ventilação mecânica, hemodiálise ou drogas vasoativas.
O tratamento precoce e adequado da febre maculosa reduz significativamente a taxa de letalidade e as sequelas da doença.
Como prevenir a febre maculosa?
A melhor forma de prevenir a febre maculosa é evitar a picada de carrapatos. Para isso, recomenda-se:
- Evitar áreas com presença de carrapatos, especialmente aquelas com vegetação rasteira e animais silvestres ou domésticos.
- Usar roupas claras, compridas e justas ao corpo quando for frequentar essas áreas.
- Aplicar repelentes à base de DEET ou icaridina na pele e nas roupas.
- Examinar o corpo periodicamente em busca de carrapatos e removê-los com cuidado, usando uma pinça ou uma luva.
- Limpar e desinfetar o local da picada com água e sabão ou álcool.
- Levar os animais domésticos ao veterinário para verificar a presença de carrapatos e aplicar produtos acaricidas se necessário.
- Manter o ambiente doméstico limpo e livre de carrapatos.
Caso apresente sintomas sugestivos de febre maculosa após ter sido picado por um carrapato, procure atendimento médico imediatamente e informe sobre a exposição ao carrapato.
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