Fake news: Por que tanta gente acredita e compartilha?

Saiba o que são Fake News, como elas funcionam e como combatê-las. As notícias falsas representam grande perigo atualmente!

As notícias falsas (vulgo Fake news) sobre o funcionamento das urnas eletrônicas, a falta de autoridade do TSE (Supremo Tribunal Eleitoral) e o fechamento de igrejas estão no cerne das eleições de 2022. Um único boato de suposta fraude eleitoral atingiu pelo menos 20.000 pessoas.

Nesse sentido, redes sociais como Facebook, Instagram, YouTube (e outras plataformas) até tiraram conteúdos falsos do ar, mas a desinformação é algo que está fora de controle há anos.

Existe o lado estratégico de quem intencionalmente cria fake news, mas também existe o lado de quem acredita. Por que tantas pessoas compartilham informações que muitas vezes parecem absurdas e indescritíveis?

Segundo especialistas, parte do problema envolve táticas psicológicas que os multiplicadores usam para convencer as pessoas de que algo falso é verdade.

Na atual campanha eleitoral, as ferramentas mais utilizadas para fazê-lo nessas eleições foram: vídeo (37,3%), texto (32,9%), imagem (22,6%) e áudio (7,2%), segundo levantamento da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que foi destaque em reportagem da Folha de S. Paulo.

O professor de psicologia da UFMG, Fábio Belo, compara a estratégia de criação de fake news ao mito do bicho-papão ou Papai Noel.

Enquanto no primeiro um inimigo é criado por medo, raiva e indignação, no segundo a história apela a sentimentos de esperança, recompensa e excitação.

Levando em consideração esse aspecto, ao despertar esses sentimentos, o adulto consegue mobilizar as crianças em prol de seus interesses.

Quem determina o que é a verdade absoluta?

Não é novidade que esta pesquisa desafie os teóricos e questione as crenças de uma geração.

Desse modo, psicólogos, psicanalistas, sociólogos e filósofos têm se debruçado sobre a questão da construção narrativa (e das verdades que lhes são atribuídas) para compreender essa dinâmica do que é real e do que não é.

A guerra entre vikings e cristãos é um bom exemplo, segundo os entrevistados.

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Além disso, muito mais do que demonstrar o poder militar dos escandinavos, a conquista de terras também se tornou uma disputa ideológica com a religião como pano de fundo, com reflexos na forma geral de organização da sociedade.

Tal movimento é o que estabelece o núcleo de forças político-afetivas que vai predominar e influenciar consistentemente as pessoas.

O que as fake news tem a ver?

As fake news nada mais são do que a construção de narrativas contra um sistema vigente, com a intenção de mobilizar as pessoas para fora de sua contingência histórica, afetiva e emocional.

Em outras palavras, as crenças das pessoas não são baseadas em evidências, mas em seu contexto de vida e em todas as relações que desenvolveram desde a infância, incluindo seus medos e suas perspectivas de vida e futuro.

É por isso que as fake news são um fenômeno tão complexo e difícil de combater.

Quando a informação é dita/compartilhada por uma figura pública (como celebridades, influenciadores, políticos) em quem você confia, você tenderá a continuar a concordar com essa figura porque se sente representado.

Por que tantas notícias falsas estão sendo compartilhadas?

Segundo Nara Pavão, cientista política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o desejo de reafirmar nossas crenças leva as pessoas a compartilhar conteúdo mesmo sabendo que é errado.

Nisso, o processo de racionalidade na política também é motivado pelo desejo de revelar nossa identificação.

É o que chamamos de ‘racionalidade motivada’, criada a partir do que acreditamos ou desejamos que fosse verdade, diz Nara, que se dedica à pesquisa de fake news desde 2018.

Ainda segundo a cientista, desde as eleições de 2018, vários estudos foram publicados demonstrando que as pessoas são enganadas compartilhar conteúdo identificando-se, mesmo sabendo que pode conter mentiras ou informações falsas.

Assim, o mais importante para eles é reforçar suas crenças – e isso nem sempre é porque a pessoa quer propagar algo errado. Muitos realmente acreditam no que lêem.

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